sexta-feira, 12 de março de 2010

Nevralgia do trigêmeo





Leia com atenção, pois a maioria das pessoas que pensam ter este problema, na verdade não sofrem dele, e sim, de uma forma de enxaqueca.



A nevralgia do trigêmeo acomete um nervo chamado trigêmeo, e ocorre sempre de um só lado (metade) da face, numa das seguintes três regiões: testa, bochecha (maxila) ou região da arcada dentária inferior (mandíbula). A dor é sempre somente naquela mesma região. O problema costuma se iniciar numa idade mais avançada que aquela do início da enxaqueca.



Não basta ter dor numa destas regiões para se dizer que a pessoa tem nevralgia do trigêmeo. É preciso, também, que a dor seja em "choque elétrico". Sabe aquela dor que a gente sente no cotovelo, quando, acidentalmente, mexe com aquele nervo que fica do lado do osso, pra dentro? É o mesmo tipo de dor - um tipo de "choque". Só que no caso da nevralgia do trigêmeo, é uma sequência muito rápida de vários desses "choques", um atrás do outro, que surge de repente, sem dar sinal. Cada "choque" dura fração de segundo, e cada sequência de choques não dura mais de vários segundos.



Ao contrário da enxaqueca, os "choques" da nevralgia do trigêmeo podem ser desencadeados por fatores físicos, como o ato de fazer a barba, o contato daquela região do rosto com água fria, o contato da região interna daquele lado da boca com comida, com a escova de dentes, além de outros fatores, como tossir ou espirrar, ou até o ato de falar!



A causa do problema está ligada, na maioria dos casos, a uma compressão do nervo trigêmeo, perto da sua raiz. Outros casos são devidos a um problema chamado desmielinização, onde o nervo vai perdendo a sua "capa" externa de proteção. Outras causas envolvem a presença de tumores ou problemas nas artérias. Todas estas causas devem ser pesquisadas, pois podem provocar a nevralgia. Certos problemas dentários também podem desencadear o problema.



O tratamento não é simples. Usa-se, muito frequentemente, um remédio de nome genérico carbamazepina, que geralmente é muito eficaz, na dose correta. Outros remédios podem ser utilizados, entre eles, o baclofeno, o valproato de sódio, a fenitoína, a pimozida e o clonazepam.



Sem o uso de remédios, pode-se ter sucesso com a acupuntura. Ela deve ser tentada antes de outras medidas mais drásticas, e também junto com os remédios, no intuito de tornar possível a diminuição das dosagens.



Caso não ocorra melhora, pode-se fazer um bloqueio na parte externa do ramo do nervo que está causando a dor. O bloqueio é feito com uma injeção local, de um tipo de álcool, o que resultará numa região da face anestesiada por 6 a 12 meses. Durante esse período, a grande maioria dos pacientes fica sem dor. Mas após, a dor pode retornar, e caso isso aconteça, pode-se optar por novo bloqueio, ou um recurso chamado rizotomia por radiofrequência ou por glicerol. Consiste em queimar aquele nervo com correntes de radiofrequência ou com a substância glicerol. Resulta em anestesia por períodos muito mais prolongados. Em teoria, a injeção de glicerol destruiria as fibras menores primeiro, resultando numa diminuição da dor, mas, também teoricamente, sem perda da sensação de tato. Na prática, às vezes, é diferente. Esses procedimentos são realizados com anestesia local e sedação leve. A rizotomia por radiofrequencia, embora seja mais invasiva e exija mais sedação enquanto o cirurgião "queima" o nervo, é um procedimento mais controlável, pois ele pode determinar por quanto tempo quer manter a corrente. Ao passo que o glicerol, uma vez injetado, fica lá até se dissolver por si mesmo.



Por fim, o último recurso é uma cirurgia, na qual se exploram as regiões mais profundas do trajeto do nervo, dentro do crânio, no intuito de encontrar uma compressão desse nervo.

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